Inazuma Eleven Go: Light / Shadow


Quando Inazuma Eleven foi lançado na Nintendo DS marcou-se pela diferença, por ser uma mistura algo curiosa entre futebol e o género RPG, onde as partidas eram autênticos campos de batalha com ataques, magias e outras habilidades que nos ajudavam a atingir a vitória. Concluiu-se a primeira trilogia da série com Mark Evans e a sua equipa a serem consagrados campeões do mundo, e chegou a época das gerações seguintes tornarem-se também os melhores do desporto rei.

Passaram-se 10 anos desde os eventos de Inazuma Eleven 3 e a escola de Raimon mudou bastante, tal como o mundo do futebol juvenil como o conhecíamos. Este é agora controlado pelo Sector 5, que têm muita influência nas partidas de futebol, indo até ao ponto de decidirem os resultados dos jogos antes deles começarem. Este sistema surge para "dar uma oportunidade de todos poderem jogar futebol", numa época em que o prestígio das escolas é muito visto pelo modo como jogam futebol. No meio desta revolução surge Airon Sherwind, que acaba de entrar na Escola Secundária de Raimon e cheio de vontade para pertencer no clube de futebol, mas quando chega à escola depara-se com um cenário bastante negro.

Aos poucos vão sendo introduzidas novas personagens como o misterioso ponta de lança Victor Blade, o capitão de equipa Riccardo di Rigo e Jean-Pierre Lapin, outro novo aluno na escola. Face o estado do futebol no Japão Airon ganha um novo objetivo: recuperar o "futebol verdadeiro" e destruir os planos do Sector 5 e o seu líder Alex Zabel, o "Holy Emperor". Tal como nos jogos anteriores existe um leque de personagens principais que servem de fio condutor para a história, e neste novo título muitos desses personagens são rostos familiares como Mark Evans, a estrela principal da primeira trilogia de Inazuma Eleven, que agora se torna treinador da equipa de Raimon. Desta vez durante a história vamos tendo vários treinadores que nos acompanham, e entre eles está Jude Sharp, o génio tático.

Este novo jogo flui de um modo bastante rápido, com poucos momentos parados e capítulos bem construídos, que terminam sempre de modo a puxar pela nossa curiosidade para jogar sempre "apenas mais um bocado". Este ritmo é muito ajudado devido à inexistência das Random Battles que eram uma constante nos títulos anteriores, e esses batalhas agora são no geral opcionais e basta procurar pelos jogadores no mapa para os enfrentar em simples jogos de 5 contra 5, onde temos de marcar um golo, manter a bola ou recuperar a mesma.

As partidas principais estão melhoradas, com um gameplay mais rápido e com alguns ajustes que o tornam mais intuitivos. A principal novidade deste jogo são os Fighting Spirits, criaturas de uma força tremenda que podemos invocar no meio do jogo e que servem de trunfo para garantir a vitória, e têm ainda Jogadas Especiais únicas tanto de ataque como defesa. De modo a equilibrar o jogo apenas conseguem estar no campo um máximo de 6 Fighting Spirits em jogo, 3 em cada equipa, e quando dois jogadores que têm invocadas estes espíritos se cruzam surgem os Spirit Duels, breves combates onde o vencedor ganha a bola. Cada uma destas jogadas tem um custo de Fighting Spirit Points que ao chegar a zero o espírito sai de campo.

De resto estão de volta as emblemáticas Jogadas Especiais, ataques especiais para Rematar, Driblar, Bloquear ou, no caso do guarda redes Defender. Cada um destes ataques tem um elemento atribuído: Ar, Vento, Terra e Fogo, que tal como em jogos anteriores cada um deles tem uma vantagem face a um elemento, algo importante nas situações de duelo entre duas Jogadas Especiais para garantir uma vantagem extra. Regressam também as Táticas de Equipa, jogadas especiais que colocam vários jogadores a avançar bastante no campo aproximando-se rapidamente da baliza adversária.

No geral estes novos jogos estão mais acessíveis, e por sua vez mais fáceis quando comparados com os jogos anteriores. Nos principais jogos da história temos muitas vezes de cumprir breves missões como colocar um determinado jogador com a bola, ou avançar no campo até um certo ponto, onde o tempo do jogo é infinito e, depois de cumpridos estes objetivos, surgem momentos pré-determinados que nos fazem avançar com a partida. Isto ajuda bastante para que mais jogadores consigam chegar ao fim da história, e para quem já procura partidas mais desafiantes tem várias equipas para defrontar nos Percursos de Competição que são bastante mais difíceis.

Os controlos mantêm-se idênticos, embora o ecrã superior seja melhor utilizado desta vez para a exploração nos mapas e as jogadas especiais nas partidas de futebol. Os visuais estão bastante melhores quando comparamos com os jogos anteriores, principalmente com Inazuma Eleven 3 que recebeu uma versão adaptada da DS para a 3DS ainda este ano. Não só os cenários estão melhor detalhados, como os personagens são melhor animados, mesmo usando um estilo bastante simples. O jogo conta ainda com sequências de animação ao género da série de televisão, mas estas sequências tiram bom partido do efeito 3D da consola.

O jogo é devidamente acompanhado por uma banda sonora que em muitos momentos é empolgante, e uma grande quantidade de voice acting que foi localizado para alguns países europeus, juntamente com o jogo (mas Portugal ficou de fora, mesmo face a um bom número de jovens fãs a comprar a série por cá). Relativamente às vozes inglesas há um certo exagero nos sotaques dos personagens, algo que já era notável nos jogos anteriores, que muitas vezes parece descabido. Mas ao mesmo tempo transmite uma mensagem que em Raimon não existem apenas alunos japoneses, mas sim de todo o mundo.

Tal como em jogos anteriores Inazuma Eleven Go vem em duas versões: Light e Shadow, e cada uma delas conta com um pequeno trecho de história exclusiva que se reflete sobre o capitão da equipa que apenas podemos enfrentar na versão que escolhemos. Alguns personagens veteranos têm também partes da história únicas em cada uma das versões, existindo algumas mudanças até na esposa de Mark Evans, que é diferente em ambos os jogos. De resto mantêm-se exclusivas em ambas as versões diversos personagens, várias Jogadas Especiais e até alguns Fighting Spirits. De resto as mudanças não são muito significativas, e a nossa escolha da versão resume-se muito apenas ao personagem rival que aparece na capa do jogo.


O espírito de colecionar e trocar jogadores está também melhorado, tendo imensos novos personagens para encontrar e juntar à nossa equipa, jogadores que podemos recrutar através do sistema de PalPack Card onde é necessário apenas cumprir um conjunto de objetivos para ganhar novos personagens. Todos os jogadores que enfrentamos podem ser recrutados, e treinar todos estes personagens é uma tarefa simples devido aos muitos jogadores no mapa para breves batalhas, pontos de treino especiais para melhor algumas estatísticas específicas, e os Percursos de Competição onde podemos jogar contra equipas que já derrotamos na história.


Inazuma Eleven Go é um excelente título para quem procura um jogo de futebol algo diferente, que a Level 5 tem vindo a entregar a bom ritmo. Não é obrigatório jogar ou conhecer a história da trilogia original para saltar logo para este jogo, embora se perceba melhor a relação entre os personagens conhecendo os jogos anteriores. Em suma é um jogo bastante divertido, com bastante conteúdo mesmo depois da conclusão do jogo, que nos faz voltar sempre para mais umas partidas, seja contra o computador ou contra os nossos amigos.

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